Um encontro de artistas, músicos e políticos no Rival

Num evento dos mais concorridos, que reuniu em torno de 500 pessoas, Pratinha lançou sua pré-candidatura

O músico Tiago Prata popularmente conhecido por todos como Pratinha deu uma demonstração de prestígio e força no lançamento de sua pré-candidatura a deputado estadual, pelo PSB, que ocorreu no Teatro Rival. O evento contou com a presença de mais de 500 pessoas e vários políticos, dentre eles, o candidato a governador do Estado Marcelo Freixo, e o presidente da ALERJ – Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro e candidato ao Senado André Ceciliano e do também candidato ao senado Alessandro Molon.

Se fizeram ainda presente, dentre muitos outros, as deputadas Benedita da Silva e Jandira Feghali, Talíria Petrone (PSOL), e o vereador Tarcísio Motta. Para além do mundo da política compareceram a cantora Áurea Martins, Lúcio Sanfilippo a atriz Beth Mendes. Após o evento e sem que o dono da noite soubesse, amigos do mundo do samba preparam uma bela homenagem realizando uma roda na Rua Álvaro Alvim, de frente ao teatro. Samba de primeiríssima qualidade que dentre outros, teve as participações de Marquinho de Osvaldo Cruz, Marquinho China e Dayse do Banjo,

O lançamento da pré-candidatura ocorreu na noite da última quarta (20) e só nessa terça (26) face aos muitos compromissos, conseguimos falar com o pré-candidato, quando ele comentou a surpresa de ver tanta gente querida em torno do lançamento de sua pré-candidatura e de suas maiores preocupações caso seja eleito:

- É obvio que fiquei muito feliz e, de certa forma, surpreso ao ver tantos amigos queridos no Teatro Rival. Foram amizades que fui fazendo ao longo de minha vida, que conservo com muito carinho e foram me prestigiar e dizer que me apoiam. Um momento extremamente singelo.

Ao ser questionado a razão pela qual decidiu ser candidato num momento em que ainda há uma grande negação não exatamente da política, mas dos políticos de uma maneira geral, ele toma um tom reflexivo e responde:

- Tudo que não é natural, é forçado, tende a não dar certo. Minha candidatura surgiu em decorrência da desistência de Eliomar Coelho que, quando eleito em 2018, disse que seria seu último mandato. Eu trabalho como assessor do Eliomar há 15 anos e sempre fui um observador da vida legislativa. Aprendi muito vendo atuação de parlamentares que admirarava, independentemente de partidos. Todos esses anos que convivi no parlamento aprendi muito. Aprendi quem é de verdade, e quem é de mentira. Vi as virtudes e os defeitos. Não me preocupa entrar na política em um momento que alguns setores e pessoas tentam negligenciá-la, pois conheço muita gente fazendo um trabalho sério, fazendo uma boa política e com uma grande preocupação com as desigualdades e as injustiças sociais e, caso eleito, são nessas pessoas que pretendo me inspirar.

Áurea Martins foi uma das muitas artistas que prestigiou Tiago Prata

Aos 34 anos Pratinha tem 22 anos de carreira musical e confessa que aprendeu muito nas madrugadas e nas rodas de samba:

- Poderia dizer que sou cria do bloco Escravos da Mauá, embora percorra e curta muitos outros blocos. Sempre gostei muito de samba e choro. Gosto da noite, da vida dos bares, de falar com as pessoas pelas madrugadas e ver suas necessidades e sentir a agonia do outro. Tenho grande sensibilidade com a dor do outro. Tudo isso foi me fazendo, me fortalecendo até chegar até aqui. Acredito que possa contribuir muito com tudo que vi e aprendi

Pratinha não quer que o fato de ser e uma pessoa do universo musical e extremamente ligado ao samba e ao choro e também por ser assessor de Eliomar Coelho que é presidente da Comissão de Cultura da ALERJ faça com que seja encarado como um candidato em defesa da cultura:

- Seria muita pretensão minha ou de qualquer pessoa afirmar ser o candidato de um segmento tão amplo e plural quanto a cultura. É óbvio que pretendo trabalhar muito pela cultura em suas variadas formas de manifestação. Esse tempo acompanhando o Eliomar e participando das mais variadas formas de manifestações culturais me fizeram perceber a grandeza e a importância da cultura em nossa sociedade. Ela, de fato, é a possibilidade de transformação de muitas vidas, contudo, não gostaria de me arvorar a dizer que serei o deputado da cultura. Gosto de cultura, tenho muitos amigos na música, no teatro, circo, no cinema, muitos companheiros nas rodas de samba e choro.

Na Rua Álvaro Alvim os amigos realizaram uma bela de samba em sinal de apoio à pré- candidatura de Tiago Prata

Para além da cultura, existem outras questões que incomodam muito ao pré-candidato como, por exemplo, o sistema de transporte da cidade:

- Confesso que uma das questões que me causam um grande incomodo é o sistema de transportes da cidade. Estou falando do sistema em sua totalidade – ônibus, barcas, metrô e trens. É absurdo o sofrimento das pessoas para se deslocarem de casa para o trabalho ou para a escola e mesmo para sair nos finais de semana. Essa equação está errada. Tem que estar errada. As empresas assinam um contrato de concessão e depois alegam prejuízos e querem dinheiro do poder público que é o nosso dinheiro arrecado através de impostos. Pior que isso: para pressionar, tiram ônibus de circulação ou diminuem os horários das barcas e dos trens. Temos que ter um sistema de transportes mais democratizado. Isso não é favor, é um direito. A verdade é que temos um sistema de transporte muito ruim.

Questionado se por ser uma pessoa de esquerda e com um perfil progressista não seria preocupante assumir o parlamento em um momento de turbulência, nervos acirrados e indefinições. Um tempo de brutalidade e desumanidade onde a sociedade assistiu perplexa, dentre muitos outros, os assassinatos de Marielle, no Rio; do militante do PT Marcelo Aloizio em Foz do Iguaçu; ou do indigenista Bruno Pereira e o jornalista inglês Dom Phillips, no Amazonas...

- Todos sabemos a origem do ódio, do rancor e de toda essa perseguição. Todos sabemos onde se iniciou todo esse preconceito, esse revanchismo e incentivo a essa brutalidade que passou a existir no ar por parte de alguns segmentos. Tenho convicção que entraremos em um novo período não só na política, mas como também nas relações sociais. Passaremos por algo parecido como um Marco Zero. Tudo que vivemos é muito triste, pois fomos vendo uma avalanche de Fake News distorcendo a verdade, fomos observando o país perder seu encanto, as pessoas passando a viver tencionadas. Não somos assim, mas o que passamos a ver dia após dia, chega ser assustador. As coisas só não estão piores porque a maioria da sociedade brasileira é sensata, quer viver em paz e não se deixou envolver por esse marasmo do negacionismo, essa dualidade de bem e mal, certo e errado. Muita gente que se deixou enganar já despertou desse pesadelo e muitas outras estão despertando e acredito que o primeiro passo para mudarmos o Brasil, voltarmos a sorrir, a sermos mais leves passa pela derrota de Jair Bolsonaro. Ele representa algo muito ruim, algo retrogrado, ultrapassado e que não merecemos.

Sobre a candidatura do ex-presidente Lula que lidera todas as pesquisas e possivelmente vencerá em primeiro turno, Pratinha tem a convicção que se trata de uma possibilidade de recomeçar a escrever uma nova história.

- É como falei, entendo essa vitória de Lula como um Marco Zero. Muitos ainda questionam a composição que o ex-presidente Lula fez com Geraldo Alkmin. Essa chapa demonstra a preocupação de pessoas que querem mudar os destinos dos pais e livrá-lo deste tempo sombrio. Prova que acima de partidos, ideologias e do passado, precisamos pensar o futuro e salvar o Brasil desse tempo. Essa composição é a possibilidade de nos reencontrarmos com a esperança. Temos que buscar energias para acreditar em um novo tempo. Temos que voltar a impulsionar a cidadania, os direitos perdidos. Não podemos viver de forma indiferente a tanta pobreza, a tantas pessoas passando por necessidade, tantas pessoas morando nas ruas. Estou cheio de esperanças. Como diria Ariano Suassuna, "sou um realista esperançoso, pois o otimista é um tolo e o pessimista um chato" - finalizou.