RIOTUR faz do Carnaval de rua do Rio uma grande incógnita
- Virgilio Virgílio de Souza
- 18 de jan. de 2023
- 4 min de leitura
“RIOTUR” que centraliza e decide o carnaval de rua da cidade, ainda não apresentou nenhum cronograma, fazendo com que os blocos se transformem em reféns e não possam organizar seus desfiles

Com a ausência de representas da RIOTUR que, de fato, organizam o carnaval, o presidente da AMAST Paulo Saad aproveitou o encontro para trocar ideias sobre o carnaval no bairro, com os representantes dos blocos Me Enterra na Quarta, Carmelitas, Céu na Terra e Mistura Carioca. Rodrigo Muniz (subprefeitura) e Thiago Gomes (CET-Rio) também participaram
Sorte dos foliões, da cidade e de nossas autoridades que o carnaval acaba por se organizar e no fim tudo acaba dando certo. Dessa vez, entretanto, o prefeito Eduardo Paes se superou: trocou o comando da RIOTUR no último mês de dezembro e até agora – faltando um mês para os desfiles oficiais – nenhum representante dos blocos sabe exatamente como funcionará estrutura mínima do carnaval – segurança, policiamento, guarda municipal e controle de ambulantes. Segundo informações, a RIOTUR continua planejando os “últimos detalhes” da maior festa popular da cidade.
Isso é o que pôde ser observado na reunião promovida pela AMAST – Associação de Moradores de Santa Teresa -, que ocorreu na tarde dessa terça-feira e tinha o objetivo de planejar com as autoridades competentes - RIOTUR, SEOP, Guarda Municipal, Bombeiros, dentre outros -, o ordenamento do carnaval no bairro. Como ainda não tem nada definido, a Riotur, detentora e responsável pelo carnaval de rua, embora convidada, não enviou nenhum representante. Os únicos funcionários da prefeitura que se fizeram presente foi Rodrigo Muniz, chefe de gabinete do subprefeito e Thiago Gomes da CET Rio.
O presidente da AMAST Paulo Saad não teve outra alternativa a não ser discutir um melhor ordenamento com os representantes dos blocos do bairro e marcar uma nova reunião, prevista inicialmente para o próximo dia 26. A esperança é que até essa data, a RIOTUR já tenha traçado um esboço mínimo de como pretende organizar e gerir o carnaval.
Demonstrando preocupação com o carnaval no bairro, a AMAST em parceria com os blocos apresentou distribuiu um caderno muito bem elaborado e com o mapeamento que informa local, dia e horário do desfile de cada um dos blocos. Saad lamentou a morosidade em se definir o carnaval de rua da cidade. Ele lembrou que, no caso de Santa Teresa, a cobrança dos moradores é permanente para que o bairro mantenha a festa com o desfile de seus blocos, sem, entretanto, virar uma terra de ninguém:
- Santa Teresa é um bairro residencial, com características diferentes. Aqui, a maioria dos moradores gosta e curte o carnaval, mas deseja uma festa minimamente civilizada e que não represente um vale tudo. Reclamam, por exemplo, dos blocos clandestinos que invadem as madrugadas, não querem que bares e restaurantes ultrapassem os limites de horário colocando enormes caixas de som ou promovendo rodas de samba sem deixar ninguém dormir, não querem que as praças se transformem espaços privados com pessoas de outros bairros provocando muita arruaça e desejam um ordenamento no trânsito, pois precisam saber os dias de maior congestionamento e o horário de desfile dos principais blocos. Por isso, todo ano marcamos essas reuniões antes do carnaval para organizarmos a festa e prepararmos o bairro para a festa.
Propostas da Riotur são ridicularizadas
Para muitas pessoas e, principalmente, os organizadores de blocos tradicionais, o prefeito Eduardo Paes não entende os blocos e o carnaval de rua como uma atividade cultural, mas sim uma festa para turistas. Lotar a cidade de gente, e entregar a festa à RIOTUR e à SEOP – Secretaria de Ordem Pública - sempre foi a proposta.
Num passado não muito distante, Antônio Pedro, que comandava a RIOTUR e era homem de confiança de Eduardo Paes, embora não entendesse muito de carnaval, procurava ouvir os representantes dos blocos. Com o tempo, aprendeu um pouco e conseguiu realizar alguns carnavais organizados. Por outro lado, o carnaval promoveu também figuras grotescas, a exemplo de Rodrigo Bethen , outro homem de confiança de Paes no passado e hoje um grande desafeto. Bethen se achava um super-homem quando colocava seu jaleco de Secretário de Ordem Pública e tirava onda de “Xerife da Ordem”. Muito afeito a entrevistas, teve seu período de fama, sem, entretanto, contribuir em rigorosamente nada para o carnaval.
Não se pode esquecer que, apesar de patrocinado por uma fábrica de cerveja que impõe apenas uma marca no carnaval carioca, já vivemos um tempo surreal onde o prefeito mesmo sem a cidade ter banheiros químicos o suficiente, mandar multar os “mijões do carnaval”. Com isso a prefeitura espertamente faturava por dos lados: da fábrica que vendia a cerveja e dos foliões que tomavam a cerveja e eram multados quando iam urinar.
Esse ano, ainda não se sabe bem o que a RIOTUR pretende, mas pelos comentários, para combater a superlotação do carnaval decidiram não cadastrar novos blocos, o que é considerado uma besteira, pois só farão aumentar o número de blocos no “Desliga dos Blocos” – liga de blocos que não se submete às determinações da prefeitura.
Decidiram ainda, proibir blocos tradicionais, que contribuíram para a transformação do carnaval carioca, a realizarem apenas um desfile, o que atingiria o Bloco das Carmelitas e o Céu na Terra, que fazem dois desfiles. Querer proibir Carmelitas e Céu na Terra de realizar dois desfiles é um cartão de visitas, uma demonstração clara que não entendem nada do carnaval de rua dos cariocas.
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